Como se sabe, a medicina de emergência é uma especialidade médica que está galgando seus primeiros passos na comunidade acadêmica no Brasil. A despeito de estar consolidada há décadas em locais como EUA e Reino Unido, no nosso país a especialidade só foi oficializada em 2016, em consenso histórico entre AMB, CNRM e CFM. Na Faculdade de Medicina da USP, a ME estará iniciando seu 4º ano a partir de março de 2020. E como especialidade novata, a emergência vem fazendo bonito nos últimos concursos de residência médica em nossa instituição. Os números mostram que, apesar de estar só no início, a Residência em Medicina de Emergência está em expansão.
Desde 2018, quando o concurso de residência de ME na instituição passou a ser realizado em edital convencional, ao lado de todas as principais especialidades de acesso direto, com realização de provas teórica, prática e entrevista, o número de candidatos concorrendo a uma das 12 vagas disponibilizadas pela FMUSP só tem aumentado. Mesmo sendo o programa de residência de ME que oferece mais vagas em todo o país, o nosso PRM está entre os que possuem a maior relação candidato-vaga. E ao longo dos anos, além da concorrência, as notas de corte para garantir uma vaga na instituição também têm aumentado, o que evidencia maior competitividade.
Seguem os números:
Ano de residência | Número de Candidatos | Nota de Corte (primeira chamada) |
2018 | 47 | 55.23 |
2019 | 65 | 59.37 |
2020 | 93 | 62.03 |
Destacamos também que na comparação do último ano (2019-2020) na maioria das especialidades tradicionais, como clínica médica, anestesiologia, neurologia clínica, dermatologia, dentre outras, a nota de corte diminuiu, na contramão da medicina de emergência. Além disso, no concurso de 2020, a nota necessária para conquistar uma vaga em pediatria, uma especialidade de acesso direto consolidada e classicamente concorrida, foi praticamente a mesma que ME (nota de corte da pediatria no concurso 2020 foi de 62 contra 62,03 da ME)
Acreditamos que o aumento da concorrência e competitividade da nossa especialidade no concurso de residência da FMUSP é reflexo da maior divulgação da ME, sobretudo entre os acadêmicos de medicina, através de ligas acadêmicas, eventos voltados para estudantes como cursos e congressos, além do aprimoramento da nossa residência que a cada ano vem sendo mais consolidada e no final de fevereiro de 2020 forma a sua primeira turma de emergencistas!
Ainda há muito a conquistar pela especialidade. Mesmo sendo considerada uma área estratégica por parte do governo, a ME ainda é negligenciada em diversos centros do país, sobretudo em universidades federais. É necessário conquistar maior aceitação entre a classe médica e as diversas especialidades, além de proporcionar à população em geral maior conhecimento sobre a atuação do médico emergencista. No entanto, constatar o avanço da medicina de emergência na FMUSP nos enche de orgulho e mostra que os desafios são acompanhados do imenso potencial desta especialidade.
por
Carine Carrijo de Faria
Eduardo Padula
Karina Turaça